CEBIO realiza a 1ª edição da CEBIOFeira em Flores de Goiás

No último dia 8, o Projeto de Assentamento São Vicente, em Flores de Goiás, foi palco da I edição da CEBIO Feira, evento promovido pela Unidade de Transferência de Tecnologia (UTT) do Centro de Excelência em Bioinsumos (CEBIO), vinculada ao IF Goiano Campus Posse. Organizada em parceria com a Prefeitura Municipal de Flores de Goiás, a feira contou com a presença de mais de 500 visitantes ao longo do dia, entre autoridades, agricultores, técnicos, estudantes e moradores da comunidade. A proposta do evento foi apresentar de forma prática os resultados obtidos com o uso de bioinsumos nas propriedades rurais do município, encerrando um ciclo iniciado com a CEBIO Entrega. Segundo o professor Danilo Gomes Oliveira, diretor de Extensão do IF Goiano Campus Posse e Coordenador de Difusão Tecnológica da UTT Posse, o evento simboliza a consolidação de uma relação construída ao longo dos últimos anos com o município de Flores de Goiás. “O prefeito Altran Avelar é ex-aluno do IF Goiano e sempre manteve uma relação próxima com o campus. Isso facilitou a construção de parcerias importantes, como o programa Mulheres Mil e, mais recentemente, essa grande ação com os bioinsumos”, explicou. A ação envolveu 53 produtores rurais do município, que receberam bioinsumos produzidos pelo CEBIO e passaram a ser acompanhados por 7 alunos bolsistas da UTT. Cada bolsista ficou responsável por um grupo de agricultores, realizando o monitoramento das aplicações, orientações técnicas e coleta de dados sobre o desempenho das lavouras. O acompanhamento aconteceu ao longo de um mês, período no qual os produtores puderam esclarecer dúvidas sobre metodologia de aplicação, formas e horários ideais de uso dos produtos. Os resultados foram expressivos: redução do uso de pesticidas e fungicidas, aumento na produtividade, melhora na qualidade dos frutos e fortalecimento da segurança alimentar. Além disso, o acompanhamento próximo por parte dos bolsistas resultou em um rico material técnico, com fotos, depoimentos, registros de colheitas e relatos de comercialização. Em um dos exemplos documentados, a produtora Marlene relatou que, apenas 9 dias após aplicar o bioinsumo em sua plantação de limão, já percebeu mudanças visíveis: “Começaram a nascer muitas flores e frutos nesse tempo. Não conhecia esse produto e já senti a diferença”. Já a produtora Adélia dividiu sua área de maracujá em duas partes, aplicando o bioinsumo nas raízes e nas plantas de uma delas. Segundo ela, os efeitos foram notórios: “Nessa área aqui, nós já notamos uma grande diferença. A casca do fruto está lisa, bonita, grande. Esse maracujá tem apenas 5 meses de plantio. Essa é a primeira florada desse maracujá e já tem frutos dessa qualidade”. Durante a CEBIO Feira, os visitantes puderam conferir stands com banners explicativos, apresentados pelos próprios estudantes, que mostraram todo o percurso feito ao lado dos produtores: da entrega dos insumos até a colheita e venda. Os produtos cultivados também foram comercializados no evento, gerando renda direta aos agricultores e evidenciando o impacto econômico da iniciativa. O prefeito Altran Avelar esteve presente na CEBIO Feira e agradeceu ao IF Goiano pela iniciativa: “É gratificante ver o retorno do investimento em ensino, pesquisa e extensão. O que está acontecendo hoje em Flores é resultado direto dessa parceria”. O Pró-Reitor de Administração do IF Goiano, Gilson Dourado, destacou a relevância da presença institucional no campo: “Essa feira mostra como a ciência aplicada transforma realidades”, comemorou. O diretor-geral do Campus Posse, Frederico do Carmo Leite, reforçou o papel do IFGoiano no apoio aos agricultores familiares: “Estamos investindo na ponta, em quem de fato produz e alimenta o país. Bioinsumos são tecnologia acessível, são sustentabilidade”. Já o diretor do CEBIO, Alexandre Igor, destacou que o evento simboliza a entrega de um ciclo completo “A CEBIO Feira é o encerramento de uma jornada que começou com a entrega de bioinsumos, passou pelo monitoramento técnico e culmina agora na socialização dos resultados. É ciência com propósito”, afirmou. O professor Lucas Felisberto, coordenador executivo da UTT CEBIO IFGoiano Campus Posse, também ressaltou o papel transformador da iniciativa: “A tecnologia de bioinsumos é democrática. Ela não pertence à academia, pertence ao agricultor. E nosso papel é fazer essa ponte acontecer”. Para o professor Danilo, o diferencial da ação foi justamente o vínculo entre os bolsistas e os produtores “O acompanhamento próximo gerou confiança e resultados. O agricultor percebeu, na prática, a eficácia dos bioinsumos. Isso fortalece a extensão como elo real entre conhecimento científico e transformação social”. Vale ressaltar que o apoio direto da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) teve papel fundamental na viabilização da CEBIO Feira e de todo o ciclo de ações que a antecedeu. Por meio do financiamento de bolsas e projetos vinculados ao CEBIO, a Fapeg possibilitou a atuação direta dos estudantes no campo, promovendo a integração entre pesquisa, extensão, capacitação e inovação. Esse apoio fortalece a difusão de tecnologias sociais como os bioinsumos, além de assegurar a continuidade das ações e amplia o impacto positivo nas comunidades rurais atendidas. Além de apresentar dados e colheitas, a CEBIO Feira reafirmou a importância da presença contínua do IF Goiano na zona rural, promovendo inovação, capacitação, inclusão produtiva e sustentabilidade. A expectativa agora é de que novos ciclos como esse sejam replicados em outros municípios, expandindo o alcance da tecnologia social dos bioinsumos.

Pesquisador do CEBIO divulga estudo sobre uso sustentável de insumos no Litoral Sul da Bahia

Uso sustentável da biomassa impulsiona qualidade de vida e preservação ambiental no Litoral Sul da Bahia Conhecido por suas belezas naturais,o Território do Litoral Sul (TLS) da Bahia vem se destacando como uma área estratégica para o desenvolvimento sustentável. Um estudo recente, feito por Dayvid Souza Santos, professor do Instituto Federal Goiano – Campus Posse e pesquisador do Centro de Excelência em Bioinsumos (CEBIO), revelou o grande potencial das culturas agrícolas predominantes na região e das espécies florestais nativas da Mata Atlântica. Ao todo, o professor Dayvid e sua equipe levaram 3 anos para concluir a pesquisa. O material foi publicado no início de janeiro no Journal environmental science pollution, periódico da revista Springer nature.  Intitulada, “Pequenas e médias biorrefinarias: quantificação de biomassa e seu potencial bioeconômico no Território do Litoral Sul da Bahia” a pesquisa mostrou que materiais orgânicos de origem vegetal ou animal advindos desse ecossistema também são chamados de biomassa e podem ser utilizados como matéria-prima para a produção de energia, biocombustíveis, insumos químicos e produtos industriais. Esses recursos podem ser transformados em produtos voltados para diversas indústrias, tais como a farmacêutica, a alimentícia e a energética.  Segundo a pesquisa, esses resíduos, muitas vezes descartados de forma inadequada, podem ser convertidos em recursos valiosos, promovendo uma transição para um modelo de bioeconomia que beneficia tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais. Transformação econômica e social O professor Dayvid ressalta que o estudo poderá ajudar no desenvolvimento da comunidade local “Minha expectativa com este estudo é de auxiliar na formulação de políticas públicas de bioeconomia que valorizem as comunidades locais, contribuindo para a redução de resíduos e permitindo que agricultores familiares aproveitem de forma integral da biomassa e se engajem para o desenvolvimento de novos bioativos, especialmente para serem comercializadas para a indústria farmacêutica, como forma de geração de riqueza local”, destaca. Nesse sentido, a instalação de biorrefinarias regionais é apresentada como uma solução para aproveitar a biomassa da região, transformando esses resíduos em produtos comercializáveis. Segundo o estudo, essa abordagem geraria um impacto na qualidade de vida das populações locais ao aumentar a renda dos agricultores, além de gerar empregos e melhorar a qualificação profissional. Além disso, práticas como o cultivo de cacau em sistemas agroflorestais cabruca não apenas impulsionam a produção, mas também auxiliam na preservação da biodiversidade. “O Território do Litoral Sul da Bahia possui uma longa tradição com o cacau cabruca, que associa o cultivo do cacau à Mata Atlântica, permitindo a conservação da vegetação nativa. Essa prática existe há cerca de 200 anos e é fundamental para a sustentabilidade da região”, destaca o pesquisador. Inclusive, a transição para esse modelo de bioeconomia poderia também reduzir a dependência das comunidades de práticas agressivas ao meio-ambiente, como o desmatamento para expansão de pastagens. Além disso, a valorização dos resíduos agrícolas pode agregar valor à produção local, fortalecendo cadeias produtivas regionais e aumentando a competitividade do setor no mercado nacional e internacional. Preservação ambiental e mitigação de riscos climáticos O reaproveitamento da biomassa também é uma ferramenta crucial para a mitigação de riscos ambientais. Resíduos agrícolas descartados de forma inadequada contribuem significativamente para emissões de gases de efeito estufa, agravando os impactos das mudanças climáticas. A implementação de biorrefinarias poderia transformar esses resíduos em recursos valiosos, promovendo uma economia mais limpa e sustentável. A Mata Atlântica, que cobre grande parte do TLS, é um dos biomas mais ameaçados do Brasil. No entanto, as práticas sustentáveis propostas no estudo mostram que é possível equilibrar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental. Segundo o professor Dayvid, além de preservar os fragmentos de floresta, essas iniciativas podem aumentar a retenção de carbono, manter os serviços ecossistêmicos e proteger espécies endêmicas da região. Ao todo, foram estudados mais de 20 anos de produção agrícola, de 26 municípios do Sul da Bahia. Apesar disso, o professor Dayvid ressaltou que o foco no resultado da equipe superou qualquer dificuldade, “A coleta, validação e a sistematização dos dados foram as partes mais difíceis (…). No entanto, a equipe envolvida se dedicou bastante e superou os desafios”, pontuou. Combinando desenvolvimento socioeconômico, inclusão social e preservação ambiental, o Território do Litoral Sul da Bahia pode se tornar um case de sucesso de como a bioeconomia pode transformar realidades, promovendo uma integração sustentável entre natureza e progresso.