Durante workshop em Luís Eduardo Magalhães, o CEBIO reforçou o papel dos biológicos no manejo da mosca-branca, atendendo desde a agricultura familiar até a produção de commodities.

Localizada no oeste baiano, a cidade de Luís Eduardo Magalhães, maior produtora de algodão do país, foi palco do Workshop – Resultados de Pesquisas do Algodão (safra 24/25). O evento aconteceu no último dia 2 de setembro no auditório do Sindicato Rural e foi promovido pela Fundação BA com apoio da ABAPA, FUNDEAGRO, SPRLEM e SENAR. Na ocasião, o professor Alexandre Igor, diretor-geral do Centro de Excelência em Bioinsumos (CEBIO), apresentou a palestra “Bahia sem Bemisia: como distinguir o sonhar do realizar no manejo da mosca-branca”.
A palestra partiu de uma constatação incômoda e incontornável: em um Cerrado mais quente, a mosca-branca encontra melhores condições para atravessar o inverno, encurtar o ciclo e multiplicar gerações. Tal característica resulta em uma curva de crescimento populacional mais íngreme e uma praga que avança em território e tempo. Nesse sentido, a Bahia do algodão, entroncada na sucessão soja–algodão, sente essa pressão com nitidez. A solução, segundo o debate, não está em medidas isoladas, mas em um manejo integrado disciplinado, no qual o controle biológico com fungos entomopatogênicos deixa de ser complementar e passa a ocupar posição central na estratégia de combate.
O argumento ganhou corpo quando o professor Alexandre detalhou a lógica por trás dos agentes de biocontrole Beauveria bassiana e Cordyceps fumosorosea. Conídios que aderem à cutícula, germinam, penetram e colonizam o hospedeiro constroem um mecanismo multialvo, capaz de contornar resistências e preservar inimigos naturais. É tecnologia que conversa com mercados exigentes, por não deixar resíduos, e que se adapta ao mosaico da agricultura baiana orquestrada por grandes grupos agrícolas. O porém está na qualidade do insumo, janela correta, microclima favorável e aplicação que acerta a face abaxial da folha. A diferença entre sonhar e realizar costuma morar nesses detalhes.

Dessa costura técnica emerge o papel do CEBIO. Mais do que unidades de produção de bioinsumos, esse Centro de Excelência se propõe a ser uma ponte entre a pergunta do produtor sobre biológicos e a resposta que chega a tempo. O plano passa por um diagnóstico em rede para mapear pressão de pragas por microrregião, ensaios on-farm que validem combinações entre fungos, inseticidas seletivos e táticas culturais. Protocolos de qualidade e compatibilidade de calda que diminuam a variabilidade de resultado e formação prática que transforme recomendação em procedimento. Além de uma governança de dados que permita comparar custo, número de aplicações e produtividade safra a safra.
Esse desenho tem a nítida ambição de equalizar o acesso. No pequeno produtor, a logística e a CEBIOEntrega conjunta precisam garantir que o bioinsumo chegue viável e dentro do padrão. No médio e no grande, a disciplina operacional fornece escala à eficácia. Em ambos os casos, a adoção melhora quando as decisões são amparadas por indicadores simples, técnicos e transparentes. O CEBIO, ao priorizar demandas concretas, como a mosca-branca no algodão do Oeste Baiano, encurta o caminho entre o processo de planejamento e ação no uso de biológicos em campo.

A discussão não se encerrou em Bemisia. Ao lado de temas como calagem em superfície, comportamento de cultivares e bicudo-do-algodoeiro, ficou claro que o biológico potencializa o MIP quando o MIP potencializa o biológico. No fim, a mensagem que ficou ecoando no auditório foi menos triunfalista e mais profissional. Controle biológico funciona quando tratado como tecnologia, não como promessa. Exige qualidade, momento, ambiente e métricas. E ganha potência quando equipes técnicas como o CEBIO organizam as prioridades, alinham parceiros e oferecem ao produtor (pequeno, médio ou grande porte) um caminho claro do diagnóstico à adoção. Entre o sonhar e o realizar, a Bahia do algodão está escolhendo conjugar o verbo implementar de maneira assertiva.
Vale ressaltar a importância do apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) com suporte da FUNAPE, bem como da competência do Instituto Federal Goiano em macro projetos (como o CEBIO) do Governo do Estado de Goiás. Graças a esse reforço, tais ações possuem alto potencial de escalabilidade ao nível nacional através de demandas atendidas por amplos segmentos do agronegócio brasileiro, como no caso do algodão.
