Evento reuniu mais de 300 participantes e apresentou tecnologias sustentáveis para aumento da produtividade e redução de custos na mandiocultura

A cidade de Iporá sediou, no último dia 28, a Vitrine Tecnológica – Uso de Bioinsumos na Mandiocultura, realizada na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão (UEPE) Recanto da Paz, propriedade parceira do IF Goiano. Com foco em produtores rurais, estudantes e profissionais da área agropecuária, o evento apresentou sistemas e tecnologias sustentáveis voltadas à cadeia produtiva da mandioca, com destaque para o uso de bioinsumos.
Organizada pela Unidade de Transferência de Tecnologia (UTT) Campus Iporá, do Centro de Excelência em Bioinsumos (CEBIO), a Vitrine reuniu mais de 300 participantes, vindos de diferentes regiões de Goiás e também de estados vizinhos, como o Mato Grosso. A iniciativa se destacou pelo caráter técnico e pela forte integração entre pesquisa científica, prática no campo e desenvolvimento regional.
De acordo com Estênio Moreira, coordenador executivo da UTT CEBIO em Iporá, o evento atendeu a uma demanda latente do setor produtivo. “Era uma demanda represada nessa questão da mandiocultura e bioinsumos, então fomos muito felizes na escolha da temática e dos objetos de estudo. Entre os principais resultados, destaco a alta qualidade do público participante. Tivemos estudantes, produtores locais, grandes produtores de várias regiões e profissionais da área que atuam há décadas. Seguramente foi o evento de mandiocultura mais importante já realizado em Goiás, talvez até do Centro-Oeste”, afirmou.
Segundo o professor Paulo Alexandre, coordenador de difusão tecnológica do CEBIO em Iporá, a organização da Vitrine Tecnológica foi um desafio que envolveu a validação prévia das tecnologias a serem apresentadas, além da estruturação de um modelo que conseguisse demonstrar resultados concretos para os visitantes. “O grande desafio de organizar um evento como esse é de fato ter informações e resultados de ponta para apresentar. Mostrar os resultados do que estamos fazendo”, explicou. Paulo explicou que a Vitrine Tecnológica tem formato semelhante ao do dia de campo em propriedade rural e que busca reforçar a aplicabilidade das tecnologias, evidenciando a viabilidade da mandioca como cultura comercial de alto rendimento, especialmente quando integrada ao uso de bioinsumos produzidos localmente.

A Vitrine Tecnológica teve como foco estimular a economia circular dentro das propriedades: “Propusemos uma lógica de aproveitamento total. Os resultados que a gente quis foi criar uma economia circular, onde nada se perde dentro da propriedade que produz mandioca de mesa. E, enfim, o aproveitamento desde resíduos do processamento para produção da raiz de mandioca para mesa, até a parte aérea para produção de silagem, para alimentação animal ou mesmo para produção de composto que serve para adubação das lavouras “, reforçou Estênio. Nesse sentido, os resultados do estudo foram positivos. Segundo Romano Roberto, professor do IF Goiano e pesquisador do CEBIO em Iporá, a cultura da mandioca demonstrou grande potencial de geração de emprego e renda, mesmo em pequenas propriedades: “Uma área de apenas quatro hectares é capaz de gerar quatro postos de trabalho mantidos com os recursos provenientes da própria cultura, o que reforça sua relevância econômica e social para a agricultura familiar”, apontou. Ele também frisou que a combinação entre economia circular e uso de bioinsumos tem ampliado significativamente a viabilidade econômica do cultivo, reduzindo custos e melhorando o retorno financeiro para o produtor. “Apesar de ser considerada uma cultura marginal, a mandioca tem grande potencial produtivo e retorno garantido quando manejada com tecnologias adequadas”, completou.
A programação da Vitrine Tecnológica contou com sete estações técnicas que abordaram temas como o uso de fertilizantes naturais – os chamados pós-de-rocha KMC e GOFOS –, inoculação de microrganismos, compostagem de resíduos da mandioca, produção de silagem com parte aérea da planta, bioestimulantes e estratégias integradas para aumentar a produtividade e a rentabilidade.
Nesse sentido, Romano ressaltou os ganhos agronômicos observados: “Tivemos resultados bastante interessantes no uso desses pós-de-rocha na produção da mandioca, aumentando o teto produtivo. E o melhor: estamos falando de um fertilizante natural produzido por uma empresa goiana, o que traz mais independência para o Estado”, celebrou. Esse composto permanece na propriedade por um período de 90 a 120 dias para compostagem e, posteriormente, é aplicado ao solo como adubo, substituindo de 20 a 30% da adubação química convencional. A expectativa dos pesquisadores é que, nos próximos anos, essa substituição alcance até 70 ou 80%, trazendo redução de custos para os produtores, conforme explicou o prof. Paulo Alexandre.

Segundo a equipe de Iporá, o modelo validado no evento alcançou produtividade de até 65 toneladas por hectare – cerca de quatro vezes a média nacional. “Esse salto só foi possível pelo uso integrado de bioinsumos como pós-de-rocha, inoculantes produzidos dentro da biofábrica do CEBIO. Além disso, o modelo permitiu o aproveitamento total da planta da mandioca, com produção de silagem e adubo, substituindo insumos convencionais”, explicou Paulo Alexandre. O professor ressaltou que os resultados apresentados serão validados ao longo dos próximos anos para reforçar a base científica da iniciativa.
A Vitrine Tecnológica é uma ação de alto impacto social. Nesse sentido, o prof Paulo destacou a importância do apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) para a realização do evento. Segundo ele, o projeto da Vitrine foi submetido a um edital da fundação, aprovado e financiado. “A FAPEG contribuiu diretamente com o fomento necessário à execução do evento, e indiretamente com o apoio institucional via CEBIO. Sem esse suporte, dificilmente poderíamos realizar uma ação dessa magnitude. A FAPEG validou nosso projeto e o IF Goiano, por meio do CEBIO, proporcionou a estrutura e a articulação necessárias para transformar tecnologia em prática no campo”, afirmou.

Com base no sucesso da ação, Estênio afirma que a continuidade do projeto já está nos planos da equipe. “Temos planos de seguir com a Vitrine Tecnológica voltada à mandiocultura. Pelo retorno que recebemos de sindicatos, cooperativas, organizações e produtores, esse é um caminho muito promissor”, disse.
Por fim, ele destacou o modelo institucional adotado pela unidade, que integra ensino, pesquisa e extensão de maneira articulada. “O que fazemos na nossa unidade é justamente isso: um espaço onde ensino, pesquisa e transferência de tecnologia caminham juntos. Essa conexão é o que dá sentido e efetividade ao nosso trabalho”, concluiu.
A equipe de Iporá também reforça a importância da ação e agradece aos produtores, técnicos e estudantes que prestigiaram o evento, bem como a coordenação do evento Dr Romano Roberto Valicheski, ao anfitrião e sua família, professor/pesquisador Dr Paulo Alexandre Perdomo Salviano, a organização, artes e divulgação capitaneado pelo professor José Carlos e professora Maria Glaucia, aos bolsistas em nome do mestrando Flávio Lopes Cláudio, a prefeitura de Iporá e a secretaria de agricultura representados pelo secretário Luizmar Peixoto, ao diretor geral do Campus Iporá Prof. Marcelo Medeiros, a direção do CEBIO prof. Alexandre Igor, a Fapeg pelo apoio ao projeto CEBIO e ao evento na pessoa do Dr Marcos Fernando Arriel, aos parceiros Vetrasa (Mahindra tratores), Agroos Consultoria, Edem Agro Minerais, Registro Agrobissines, as pró reitorias de pesquisa e de administração, bem como a reitoria do IFGOIANO.